segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

BOCADA FORTE - Entrevista E.M.I.C.I.D.A

Um dos mais badalados MCs brasileiros da atualidade conta que quer estudar música para começar a formatar seu primeiro álbum, fala sobre seus planos pessoais e as perspectivas do Laboratório Fantasma. "O céu já foi o limite, e a coisa agora pode ser mais, bem mais", revela Emicida, que também comenta assuntos polêmicos - como as críticas e ofensas que tem recebido e aproveita para rebater, a suposta "crise" no rap e o uso da internet no hip-hop, entre outros assuntos..
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www.myspace.com/emicida



(CHH): Você já fez shows em vários Estados e chegou aos grandes veículos de comunicação. Por que a opção de lançar mais uma mixtape, e não um álbum?
Emicida: Na cabeça das pessoas, eu já sou extremamente famoso, mas não é porque eu realmente seja: é porque todos se condicionaram a pensar pequeno. Temos obviamente que valorizar as conquistas pequenas, mas não podemos nos esquecer das grandes metas, dos projetos de vida, das coisas que são construídas ao longo do tempo, e minha carreira é uma delas. Sinto que precisava dizer algumas coisas que não quero que estejam no meu álbum oficial, e que se eu lançasse um álbum hoje ele não seria ouvido pelo tanto de pessoas que gostariam de um álbum como o meu. Então, o formato de mixtape cai muito bem neste contexto: consigo alimentar a cena, principalmente do rap, e rodar o país para expandir meu público e meus contatos, construindo uma rede híbrida que, futuramente, me ajude a levar meu álbum a todos os que desejam ou se identificariam com este tipo de música. Fora o fato de mixtapes serem rápidas: um beatmaker me manda uns beats, eu tenho algumas ideias, gravo, e já era. Quero construir um álbum detalhadamente. Ainda não é o momento do álbum.

CHH: Mas já existe o conceito do álbum ou alguma coisa gravada? O que você pode adiantar sobre ele?
Emicida: Ainda não tenho previsão. Estou estudando para poder botar as ideias no papel. Se Deus quiser, começo a fazer aula de música ainda neste ano, mas posso adiantar que quero algo bem pautado na música do Brasil, sem ser rap com cavaco, bumbo, caixa e sample. Tenho a ambição de dar continuidade à história da música brasileira que nos dá orgulho. Não vai ser fácil, mas eu não espero que seja. Acho que tenho potencial pra tentar e conseguir, e tenho pessoas comigo que podem fazer isso acontecer também. Estou ansioso para começar isso...

CHH: Qual é a grande meta do Leandro e qual é a grande meta do Emicida?
Emicida: Tudo é pouco, tudo é menos do que realmente poderia ser. Com este pensamento, me desligo da ideia de ter uma meta. Vejo ela como uma coisa tão distante que nem sei dizer qual é, mas posso dizer que sou ambicioso como poucas pessoas têm coragem de admitir que são. Digamos que o céu já foi o limite, e a coisa agora pode ser mais, bem mais. Precisamos ter canais de TV, rádios, revistas e sites, que sejam bons e sejam nossos. Se eu conseguir construir essas coisas, o que acho bem possivel, por que não?

CHH: Que outras ações virão pela frente além do lançamento de Emicídio?
Emicida: Vou trabalhar esta mixtape. Uma coisa de cada vez. Com certeza irão rolar videoclipes - já estamos finalizando um roteiro, mas tem muitas ideias para vídeos e uma pequena estrutura disponível. Sobre produtos, também vamos ter bastante coisa. Tem esse lance das camisetas, gosto da ideia de existir uma coisa voltada para ´toy art`, com o personagem que ilustrou a primeira mixtape [Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe], mas ainda estou trabalhando esse pensamento, avaliando custos e formas de produzir. A gente conseguiu finalizar o filme Disseminando Ideias e Influenciando Pessoas, que logo menos estará nas ruas. A rapaziada já pode até conferir alguns teasers dele, ficou bem legal o documentário, simples pra caramba e sem muita firula, direto. Quero concluir um projeto de alguns desenhos animados que estão em aberto com uns amigos e umas histórias em quadrinhos também, tudo doideira da minha cabeça. Como se o rap por si só não desse trabalho (risos)...

CHH: O Laboratório Fantasma também já anuncia a mixtape Caos Pessoal, do rapper AXL, de Jacareí (SP). Quais são os artistas que compõem o Laboratório Fantasma atualmente e que outros lançamentos estão previstos?
Emicida: Tenho uma identificação de postura com o AXL há muito tempo. Ele é caladão, na dele, olha mais do que fala, e isso é muito bom. Tá fazendo o corre dele no sapatinho, num campo menor e sem o auxílio das batalhas de freestyle tá fazendo uma caminhada parecida com a minha. A evolução musical dele tambem é notável, e no próximo trampo ele vai chegar mais cabreiro ainda, cada vez mais. Por termos essa identidade acabamos nos aproximando e a Laboratório Fantasma entra como parceira no lançamento da mixtape dele. Não podemos dizer que estamos "lançando" o AXL porque quem está fazendo todo o corre é ele mesmo, com o pessoal dele. Mas temos algumas coisas aqui que podem servir pro trabalho dele e creio que esta proximidade vai permitir que a gente se conheça melhor no campo profissional de execução de trabalho, e afine as coisas para termos uma participação mais efetiva no próximo trabalho dele. Tenho alguns artistas próximos de mim hoje, pessoas que mandam demos e mostram trabalhos bons. Mas nosso catálogo para 2010 vai fechar as portas aí mesmo, com Emicídio e Caos Pessoal. Não vai dar tempo de fazer mais nada depois que isso for pra rua - quase não deu tempo de fazer essas...

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